segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fernando Nobre

Este País anda tão desvairado que, sinceramente , não me tem apetecido falar dele. Mas no meio de tanta tolice à solta, apetece-me falar de Fernando Nobre e do anúncio de que é candidato à Presidência da República.
Vou dar de barato que é a segunda candidatura que se perfila à esquerda, com o subsequente risco de fortalecer a direita,assunto que será alvo das minhas reflexões um outro dia. Vou centrar-me apenas no anúncio da candidatura.
Subitamente, vindo das brumas aparece-nos o homem providencial com um projecto salvador e as mãos limpas, apresentando como a sua maior virtude o facto não estar ligado a nenhum partido, justificando essa candidatura porque ".... sinto que o país atravessa um período em que constantemente se põem em causa os valores e as pessoas, as promessas e os projectos " , não explicando como será eleito sem uma forte máquina de apoio, só possível por intermédio de um partido, nem como, no caso de ser eleito o conseguirá fazer com os poderes limitados que estão actualmente atribuídos ao Presidente da República.
Fernando Nobre assume-se como um homem livre pelo facto de não estar ligado a nenhum partido . Realmente nunca tivemos notícia de Fernando Nobre ligado a um partido. Pelo contrário surgiu ligado a vários :
Foi apoiante da candidatura de Mário Soares em 2006, mandatário nacional do Bloco de Esquerda nas últimas eleições europeias, fez parte da comissão de Honra das candidaturas autárquicas de António Costa (PS) e António Capucho (PSD) . Pergunto: será uma virtude esta inconstância ? Não me parece .
Em linguagem corrente chamaríamos a uma pessoa com este perfil, um catavento, uma pessoa com vontade de estar bem com deus e com o diabo .
Infelizmente , na vida não se pode estar bem com todos , os partidos representam e defendem interesses muito diferentes e até antagónicos. Não se pode estar de acordo com um assunto e simultaneamente com o seu inverso.
Não é este o perfil da pessoa que eu gostaria e ver na presidência da República .
Tenho pena, mas tudo indica que quando a campanha eleitoral terminar e Cavaco estiver outra vez confortavelmente em Belém, eleito à primeira volta, ficarei com menos uma pessoa a respeitar .