sexta-feira, 27 de março de 2009

Reencontrar um AMIGO

Poucas coisas me dão tanto prazer com reencontrar um AMIGO.
Daqueles amigos com os quais temos uma cumplicidade e amizade tão grande que, podemos estar alguns anos sem nos vermos e, de repente , ficamos frente a frente e no abraço ( grande, grande , envolvente) eliminamos a distância e no minuto seguinte estamos a falar como se se nos tivessemos deixado na véspera.
Foi essa coisa magnífica que me aconteceu ontem, quinta-feira, em Ourém.
Reencontrar Sérgio Ribeiro, o meu deputado (our private joke)foi daqueles momentos que não vou esquecer tão cedo e que me dão coragem para continuar em frente , no meio de tantos problemas que o nosso país atravessa. Não vamos desistir , pela História que temos e pelas pessoas que chegaram antes de nós e nos deram o seu exemplo.
Querido Sérgio, sempre nas suas lutas, neste caso em prol da cultura, mas em todas as frentes.
Fiquei tão feliz, que acho que um dia destes temos mesmo que voltar a encontrar-nos para pôr a conversa em dia.
Bem vistas as coisas, Zambujal não é assim tão longe!
Muito obrigada querido amigo. Alguém meu conhecido dizia , com alguma graça, ... " a amizade é um amor que não morre " e é verdade.
Sou hoje uma pessoa mais feliz que à dois dias.
A amizade é um bem precioso.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Um Livro Perturbador

Acabei de ler o livro " O Leitor" de Bernhard Schlink. Foi a leitura de algumas notas acerca do livro que procurei, a propósito da exibição do filme,com o mesmo nome, que despertou eu mim a curiosidade por este livro.
Em 1960, Michel Berg é iniciado no amor por Hanna Scmitz. Ele tem 15 anos, ela 36. Ele é apenas um adolescente. Ela é uma mulher madura, bela e autoritária. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta e finalmente fazem amor. Mas este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece subitamente.Michael só a encontrará muitos anos amais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis.
Está história não tem nada de extraordinário , quando situado na Alemanha pós-nazi. Mas desperta uma perturbadora reflexão acerca da incomodidade de uma geração(adolescentes e pré adolescentes nos anos 60).Como é possível viver com tal passado envolvendo toda a geração dos pais ?Podemos julgar os carrascos do nazismo,(uma centena, talvez ?) mas uma tal atrocidade não seria possível se toda uma população não tivesse colaborado, por medo por omissão, fazendo de conta que não sabia .
Sabemos que na Alemanha preferiram nunca falar do assunto.
Mas como é que os filhos encaram os pais ? Ao saber o que se passou ,é possível passar a odiar-se os pais, por não se terem oposto ao nazismo ?
A História é sempre escrita pelos vitoriosos. Mas faz sentido julgar guardas de campos de concentração,quando o cheiro do fumo que saía dos fornos crematórios invadia todas as aldeias vizinhas ? E toda a população sabia do que se tratava (o cheiro a carne a queimar é inconfundível).Havia algumas vivendas que tinham vista sobre os campos de concentração ( Dachau é um deles).
Pensando em tudo isto e comparando, embora levemente com Portugal, será que não está aí a razão daquilo que nós dizemos: que os jovens não têm princípios. O salazarismo foi em Portugal, sobretudo a partir dos anos cinquenta, uma coisa mais ligeira.Mas estava aí e tinha várias formas de violência.
Será que se os portugueses na sua maioria não tivessem colaborado, por medo por submissões, por vontade de estar sempre do lado mais forte e por fingir que não sabiam o que se passava, Salazar ter-se-ia aguentado quase cinquenta anos? Que moral é que os pais têm para passar bons princípios aos seus filhos ?
A pergunta aqui fica. Mas também a convicção de que tudo devemos fazer para defender a democracia, mesmo com todos os seus defeitos e evitar o aparecimento de demagogos hipócritas,intransigentes salvadores da Pátria e dos "valores da família",que não salvam nada e sempre acabam mal e deixam marcas durante mais de uma geração.
Ainda vou voltar a este livro perturbador .

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ainda as posições da Igreja

O «caso» conta-se em meia dúzia de linhas. Numa cidade do interior do Brasil, foi descoberta uma criança de 9 anos, abusada pelo padrasto, grávida de gémeos . No hospital os médicos chegaram à conclusão que a criança corria perigo de vida em levar a termo a gravidez de gémeos,devido à sua pouca idade. E fizeram o aborto. Pois o bispo lá da região decidiu excomungar a criança e também os médicos que fizeram o aborto,porque tinham faltado ao mandamento ... não matarás . Acabo de ouvir no jornal da Globo que o Vaticano aprova a posição deste bispo . Uma grande maioria da população e a comunidade científica aprova a atitude dos médicos e tem enviado várias mensagens de apoio, não só à criança como aos médicos pela decisão tomada. Mas ... numa entrevista ao malfadado bispo, este explica que a excumunhão é irreversível e os excomungados não podem nunca mais tomar qualquer sacramento ou fazer parte da igreja. Perguntado acerca de ,qual a atitude da igreja perante o violador (que já era a segunda irmã que violava) esta criatura odiosa disse com as letras todas que o violador não era passível de excomunhão, porque embora tenha praticado um crime, não se comparava com o crime de matar, praticado pela criança e pelos médicos.
Se eu não tivesse ouvido , em directo , não acreditava .
No século XXI esta é a posição oficial da Igreja !! Como é possível ? Não admira que cada vez mais pessoas se afastem da igreja. Isto sem tirar o mérito a alguns padres que são uma pequena minoria e mostram o seu coração aberto para os problemas da humanidade.
Lá como cá, continuamos no reino da hipocrisia de manter a fachada e absolver de facto os crimes mais horrendos.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Voz do passado

De repente, o telefone toca e uma voz ,vinda lá de muito longe , do passado pergunta: Como está ? perguntei a várias pessoas e ,finalmente consegui o seu contacto, para saber de si .
Um velho amor, é claro. Nunca foi hábito meu fazer grandes amizades com antigos amores. A amizade é para mim, algo muito precioso e ,no meu caso, não costumo admitir mistura com restos de outros sentimentos. Mas, passada a surpresa inicial estive um bom bocado à conversa deixando um futuro almoço , mais ou menos combinado.
O que me faz reproduzir aqui este vulgar episódio é a estranheza do meu desprendimento ao conversar com alguém, que há alguns anos ,só ouvir a sua voz me punha num sobressalto e parecia que nada mais existia no mundo. Estranha coisa é o amor, a paixão cujo ardor depois de apagado e mesmo recordando bons momentos, não sobra nada , provavelmente nem a capacidade de ser amiga desta pessoa que vem do passado . Porque se lembrou de mim e fez tantos esforços para me contactar ? Do pouco que percebi , casamentos falhados, necessidade de falar com alguém . Porquê eu ? Logo eu que acho que uma paixão é uma coisa tão forte que consome tudo à sua volta e não deixa espaço para mais nada. E a pessoa em questão sabe-o , mas achou que eu seria boa ouvinte , neste momento da sua vida.
Pessoalmente , não me parece.Esse é o papel dos amigos e não dos ex-amores. Veremos.
Aguardemos os próximos capítulos. Há pessoas que, ao longo das suas vidas não foram capazes de fazer grandes amizades e quando se sentem sós, tentam olhar para trás.
Parece-me errado.