terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Dificuldade de se deixar amar

Acabei de reler «A Mulher Certa» de Sandór Márai, escritor húngaro com grande sucesso de crítica e público, desde a saída em Portugal de «As Velas Ardem Até ao Fim».
Gosto bastante deste livro, mas de cada vez que o leio é maior a estranheza que me provocam as poucas personagens deste romance.O que mais ressalta é, não a dificuldade de amar, mas a dificuldade de se deixar amar.
Ao longo de todo o romance, três pessoas que aparentemente são amadas, vivem com essa incomodidade, acabando por se dilacerar até ao extremo.
Que se passa no interior de tais pessoas ? Insegurança ?
Mas não é o amor o lugar mais seguro, onde podemos encontrar-nos e partilhar plenamente com alguém todas as nossas esperanças,um lugar de dar e receber sem limites e onde finalmente se poder ser inteira ?

Será porque o amor considerado como desejo de partilha e interacção com o outro, também impõe um tipo de vínculo paradoxal : o ser que ama deve-se render ao outro para ser amado livremente. Esse vínculo parece ser demasiado assustador para alguns.

Diz-nos Tobias Brocher em « Da Dificuldade de Amar» :( ... num mundo cada vez mais frio, é uma ousadia estimular o amor. No entanto , esse é o único meio a que podemos deitar a mão, para nos ajudar a derrubar os muros que fomos construindo para nos afastar uns dos dos outros . )

Assim sendo, porquê a dificuldade de se deixar amar ?.
Vou voltar a este livro, de que gosto e que que mexe comigo , mas entretanto alguém me ajuda a perceber, o que leva alguém a agir desta maneira ?
Um abraço nocturno

15 comentários:

João Roque disse...

O amor não se percebe, não se explica e muito menos se generaliza: simplesmente VIVE-SE!!!
Beijinhos.

MySelf disse...

Engraçado, quando li o livro, aliás todos os dele, também senti que mexeu comigo pela mesma razão.

Pedro disse...

Tenho de ler! "As velas ardem até ao fim" já está na minha wishlist...

Pata Negra disse...

Ah tu também andas metida nessa coisa da droga dos livros?! Deixa-te disso! Quem escreve não é de confiança, quem escreve, escreve apenas pelo gozo de inventar e de enganar, com meias verdades, os que acreditam que a realidade pode estar nos livros. Ora, os livros só são verdadeiros se forem as ruas, os rios, as pessoas, as famílias, as lareiras, os beijos, as sargetas, os bons dias, as boas tardes, os lindos dias, o sócrates vai preso, o ronaldo estampou-se, a revista da sala de espera do dentista... ( estou a dizer o quê?!)
Nocturna, lê os livros mas com a luz apagada, porque não há livro que valha mais do que um raio da madrugada, porque não há um raio que os parta...(porra, lá estou eu a ir para a política)
Um abraço, amanhã vou estar melhor, vou adormecer a ler

Teresa disse...

Amor é desassossego, também no sentido do desafio que impõe ao indivíduo: o amor é o abalo no chão seguro, e o indivíduo sente que não se basta para controlar a sua vida. A alma humana vai temendo essa força exterior que lhe tira, então, os comandos. Amar é também estar preparado para a perda e a dor que ela carrega. Mas há muito mais…tanto quanto a complexidade humana....


Ah: passei para dar um beijinho ;)

Teresa

Anónimo disse...

apareça por lá quando quiser!
e em breve no orgia sai um ensaio meu sobre As Cidades Invisíveis, do Calvino.
inté!

PAS[Ç]SOS disse...

De Sandór Márai, li "As velas ardem até ao fim". Não conheço "A mulher certa", mas 'aceito a sugestão' para próximas leituras.

Acredito que, por vezes, e fruto de determinadas situações não seja fácil deixarmos-nos ser amados.

O amor poderá ser um oceano em que desejamos mergulhar, de olhos fechados, até à mais longínqua das profundidades. Mas, o amor também poderá revelar-se um fogo que nos causa cicatrizes incuráveis e que, no inconsciente, nos planta receios e insegurança. Poderemos chegar a nos sentir incapazes de voltar a amar.

Unknown disse...

Olá
Obrigada por visitar o Desdesejo...fico muito feliz de ter pessoas que acompanham meus parcos escritos.
Agaora, sobre o que vc pegunta no seu último post, tb gostaria muito de achar uma resposta. Só fazendo terapia e olhe lá!
Abraços

PAS[Ç]SOS disse...

Olá Perdida na Noite!

Senti necessidade de regressar à questão aqui deixada e, mesmo que de alguma forma me repetindo, pretendo acrescentar o seguinte:

O amor é um barco que tomamos sem escolha, por ímpeto, porque algo de muito especial cresceu dentro de nós sem que fizéssemos muito para o sentir. Quando assim é, acreditamos, desejamos, amamos e temos necessidade de ser amados. Mas, por vezes, o barco 'mete água' e o oceano é muito grande e traiçoeiro, e temos de fazer algo para nos salvar, precisamos de saltar, de nadar para longe... e quando chegamos à areia, a terreno firme, precisamos, sem dúvida, de voltar a amar e de ser amado, mas fica um receio tal de entrar num novo barco, que poderemos ter dificuldade em nos deixarmos amar.

samuel disse...

Neste tempo em que os "valores" considerados como tal são os que estão em bolsa... amar pode ser uma grande incomodidade e ser amado, um estorvo. Felizmente, outro mundo é possível...

Abreijos

Justine disse...

Ajudar não posso, porque ainda não li o livro. Mas acho que os afectos são sempre difíceis de gerir, e o amor, como entrega e generosidade, tem tantas facetas, que as pessaos têm medo de sofrer.
Mas só pelo amor se vive!
Obrigada pela visita, voltarei aqui:))

poetaeusou . . . disse...

*
A Mulher Certa,
merece ser amada, srsrsr,
,
conchinhas nocturnas, deixo,
,
*

izilgallu disse...

Obrigado por suas palavras, você é que me deixou emocionada com seus elogios.
Obrigada por ler minhas escritas.
abraços
Izil

izilgallu disse...

Não deixe seu blog parado, ods blogs se alimentam de nossas postagens, ficam triste quando os esquecemos, poste sim, todos agradeceremos.
abraços
izil

a d´almeida nunes disse...

Nocturna
Sempre que tenho a sorte de me aperceber do que se vai passando por aí, pessoas e plantas (árvores públicas de Leiria, particularmente), vem-me este impulso de escrever e fotografar. E partilhar.
O amor é uma partilha constante, feita de muitos momentos...não necessariamente sempre convergentes...
O amor é o melhor que nos pode acontecer...E quando acaba?!...
A noite é amiga...mas perde o seu encanto ao crepúsculo, quando o pressentimos...
...
antonio